domingo, 12 de junho de 2011

(8) VOZES (8)

Durante vários anos, ela calou as vozes que ninguém escutava. Ficava ali, parada, olhando para nada.
Após tanto silêncio, contido em seu imenso e pobre coração, seu para-raios de sol, pareceu tê-la contemplado com vários pecados do paraíso.

As vozes antes contidas forçadamente, foram libertas para quem quisesse ouví-las e sentí-las. De nada adiantou...ainda assim, apenas ela conseguia ouvir tudo o que era gritado por essas vozes, que ela pensou poder compartilhar com todos.

Sua alma parecia mais leve, mais pura, mais segura.
De suas revoltas banais, ela já não se lembrava mais... Ah, suas frases banais, proferidas com tanta enloquência, e hoje tão fortemente arrependidas...

Aí então, um belo dia, toda essa euforia passou e todas as vozes  foram obrigadas a se recolher.
A lembrança de gestos banais foram dramaticamente repetidos inúmeras vezes, ela voltou a sofrer com a solidão, voltou a precisar da solidão.
Voltou a acreditar que duas pessoas, são duas verdades e dois mundos, que elas não podem ser únicas.

A cada segundo, o pânico aumentava e a fazia desistir novamente de tudo o que ela havia voltado a acreditar, lhe parecia fazer desmoronar.

As vozes, que antes conseguia conter, agora a atordoavam a todo instante, como se arrebentassem a porta dos fundos, e se alojassem ali, para instalar o medo, a insegurança e o ceticismo.

Era o fim da esperança! Ela nunca teve a força que pensavam que ela tinha.

Talvez agora, ela ache melhor acreditar moinhos de vento que se transformam em dragões.

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