quinta-feira, 10 de julho de 2014

Julho de 83

Um dia desses - num desses encontros casuais - me perguntaram há quantos anos meu irmão havia morrido. Não soube responder. Faço confusão com o dia (8 ou 9?) e não sei ao certo o ano (2002 ou 2003?).
No início me senti constrangida, mas, na caminhada de volta pra casa, pensei bem e percebi que a data mais importante eu sei: o dia em que ele nasceu! Sei bem que dia é esse! O dia em que ele veio ao mundo para ensinar às pessoas que conviveram com ele a importância da simplicidade, da família e do amor. Não que eu tenha aprendido tudo isso enquanto ele estava vivo, mas hoje consigo assimilar bem isso.
E pensando um pouco além, cheguei à conclusão de que o importante mesmo é lembrar das datas felizes, não é mesmo?
Sempre penso que Deus (ou seja lá no que você acredite) levou o filho errado... Mas, semana passada, quando me pediram conselho, eu disse: "... isso é para seu aprendizado. Se você já tivesse aprendido tudo, você já teria morrido...” Com meu irmão, creio que tenha acontecido o mesmo.
Que ser humano ele foi, hein?! Morreu no auge da sua juventude (18 ou 19?) e era o ser humano que todos queriam que fosse:
- filho
- sobrinho
- primo
- irmão
- neto
- namorado
- amigo
- profissional (Sim! Ele já peleiava, rsrs...)
Acho que por isso foi tão cedo. Porque já tinha aprendido o que tinha para aprender.
Às vezes, sinto como se ele tivesse pedido pra ser assistente dos meus anjos da guarda, só isso explicaria tantas coisas (e pessoas) boas acontecerem na minha vida.
Hoje, faria 31 anos. Não faço ideia de que profissão seguiria -mesmo sabendo que ele estava na faculdade de direito, mas tenho plena certeza de que seria um homem invejável.
Espero que esteja em paz e que continue cuidando de mim como sempre fez!
Nota: "Julho de 83" é o nome de uma música, da banda gaúcha Nenhum de Nós.
Revisão de texto: Sadallo Andere
Foto: arquivo pessoal da Tia Vitória