terça-feira, 14 de janeiro de 2014

MÓVEIS COLONIAIS DE ACAJU EM: DE LÁ ATÉ AQUI





Nada melhor do que comemorar aniversário, falando de uma banda que desperta a alegria e
o amor, por onde passa.
Segundo o site da banda, “Móveis Coloniais de Acaju é o resultado da
união de dez artistas criados em Brasília, que decidiram se juntar em 1998 para formar uma banda.
Como só poderia acontecer na Capital Federal, os músicos têm as mais variadas origens. Da
pluralidade de integrantes e influências, nasce um som único e diverso, que mistura sax, flauta,
gaita e trombone com teclado, guitarra, baixo e bateria e a voz marcante de André Gonzales.”

Ok!
Ok!
Basta de termos técnicos, ou melhor, CTRL+C e CTRL+V.
O fato é que desde a sua primeira apresentação, em 2000, no tão aclamado Porão do Rock,
esses meninos vêm arrancando aplausos de crítica e público, por onde passam.

Em 2008, o primeiro álbum intitulado “Idem”, foi eleito como um dos 50 discos independentes
mais importantes, lançados entre 1998 e 2008, assim como a música “Copacabana” , que está
no mesmo álbum.
Além disso, tocaram nos principais festivais independentes do país, e fizeram uma mini turnê
pela Europa.
“C_mpl_te”é o nome do segundo álbum, lançado em 2009.
Foi considerado o 5º melhor álbum pela revista Rolling Stone, e “O Tempo”(que trata-se de uma
belíssima canção) a 4ª melhor música brasileira de 2010.
Ainda em 2010, venceram a categoria Experimente, do Prêmio Multishow, receberam o troféu
Artista do Ano, por voto popular (1º Prêmio da Música Digital), e o Prêmio Orilaxé, de melhor
grupo musical.
UFA!

Cansou?
Os meninos não!!!
Ainda em 2010, gravaram seu primeiro DVD e CD ao vivo, no Auditório Ibirapuera.
Puderam contar com um público empolgante, carinhoso e feliz!
Belíssimo registro!
Diria, emocionante, até...
A agenda deles nunca para, e em 2013, não poderia ser diferente.
Gravaram um “documentário musical" (essa foi a definição dada pela banda), por vários bairros e
cidades do Distrito Federal.
Segundo André Gonzales, no registro: “Falamos da intenção e da realidade de Brasília e da
nossa relação com ela”.
Não contentes (e não cansados), ainda tiveram disposição para gravar o belíssimo disco “De
lá até aqui”.
Um disco que canta o amor, como há tempos eu não ouvia.
Começa com “Sede de chuva”, que pode muito bem ser interpretada como clamor pelo
amor e/ou presença de alguém; mas também, como o amor que a banda tem por Brasília,
ao cantar sobre o seu tempo seco, como o céu muda de cor em determinada época do ano, e
o conforto que a chegada da chuva traz.
O clip dessa música já foi lançado, e pode ser assistido na www.

A 2ª faixa, “Vejo em teu olhar”, talvez cante a esperança que o encontro com um amor (seja
ele qual for [ou não, depende de quem ouve]) pode trazer para a vida de alguém:
“Ao te ver sorrir // O sol nasce em plena noite escura / Tinge o quarto de outra cor / Seu calor
provoca minha cura / Luz da aurora / Meu amor”.

Com ritmo e letra, digamos, sensuais sem ser vulgar (desculpe - me por parafrasear a
famigerada rede social), “Sem fim” deixa com vontade de dançar coladinho: “Enquanto o céu
não sai / A brisa vai dançando entre nós dois / O seu cangote tem / Um poder que atrai /
Minha boca à jugular”.
O que eu disse?
Dançar junto?
Oh, não!
Essa música é capaz de aguçar um pouco mais a sua imaginação.
Ah, é!

E pra quem nunca se pegou sonhando com um lugar onde o “amor é lei”, taí uma canção pra
tentar estimular um pouquinho, a prática dessa atividade tão prazerosa (ou perigosa).
“Longe é um lugar”, é o título da 4ª faixa.
“Longe / Eu disse longe / Eu quero ir longe / Vamos pra longe / Longe, longe / Onde o amor
é lei / Todo mundo é rei”
Alegre e otimista (pra não fugir do costume), ela permite 3:03’de sonhos por um mundo
menos cruel.
Quando comecei falar sobre o disco novo da MCA, disse que é um disco que canta o amor de
uma maneira que há tempos não ouvia.
Quem ouve “Saionara”, a 5ª faixa do álbum, poderá dizer que eu me equivoquei.
Mas com um pouco mais de sensibilidade, quem a ouvir, poderá perceber que ela canta o
amor próprio:
“Rasguei do pensamento / Qualquer palavra dita em vão / Não sei o sentimento / Do idioma
solidão”
Afinal, amor próprio, dizem, é o mais importante dos amores.

A 6ª faixa, “O amanhã acorda cedo”, talvez cante o amor mais difícil de ser identificado pela
maioria das pessoas: o amor pelos sonhos, pela força de vontade e pela fé em si mesmo.
“Leva embora o que não é pra ser / Seja vento porque quero andar / Ando certo de onde
devo estar / E não é aqui // Quero amar como se fosse o fim / Finalmente, ter pra onde ir /
Corto a voz de ontem, quero ouvir / O amanhã que o vento traz / Me enche de paz”.
Consegue captar também, o amor pela esperança, que o amanhã pode trazer?
Tenta só um pouquinho, vai!!!

Se Regina Navarro Lins ouvir a 7ª faixa, intitulada “Beijo seu”, talvez ela diga que é possível
trocar “Amor-perfeito” por amor romântico.
Seja como for, a impressão que tenho ao ouvir essa faixa, é a de que apenas as invenções das
aventuras já podem deixar alguém feliz.
“Te invento sem defeito / Vamos viver pra sempre desse jeito / Sem desatar esse nó / Ainda
lembro de sempre esquecer que estou só”.
Quem nunca, né?!

“Amor é tradução”.
Deve ser mesmo.
Mas daquelas traduções que para cada um, tem um significado. A 8ª faixa do De lá até aqui,
talvez seja uma das provas, de que cada um vê o amor de uma forma.
“Será que alguém me diz / O que eu não pude dizer com essa canção // I say I love you say /
Três menos nove é seis / Do inglês pro português / Amor é tradução // You touched in my
heart / Eu trouxe a minha arte / Mais que meu corpo nu / My sweet coconut // I must be crazy
now / Creuza, isso é um sinal / Eu li que aqui não chove / My little kitty love”.
Delicie-se!

E o amor incondicional?
Será?!
Ah, sim!
Cantado de forma alegre e viva!
Assim é “Melodrama”, a 9ª faixa desse disco.
Duvida?
“Me restam dois trocados amassados / Gasto tudo com você, neném”.
Quando ouvir, atente-se para toda a paixão que o André Gonzales investe no vocal.
Fica ainda melhor!

A faixa que dá nome ao disco, é 10ª.
Acho que tem um pouquinho (só um pouquinho MESMO) de amor livre.
Ou será de confiança no amor que um ser humano sente pelo outro?
“Desfaço dois caminhos / Refaço o nó pra nos unir” “Vai por qualquer estrada caminhar / Que
a vida há de encontrar nosso lugar” “Segue que a vida vai iluminar / Nosso andar até o
amanhecer”.
Só eu achei essa música de uma delicadeza tremenda?

A 11ª faixa, traz um pouco mais de amor incondicional.
Espera!
Incondicional?
Talvez um pouquinho de dependência, mas “Nova suinguera” é tão empolgante, que é capaz
de fazer com que nos identifiquemos com ela, sem qualquer tipo de culpa ou rancor.
“Já estou passando mal / Eu acho estranho o que é normal / É crise emocional // Me
receitaram te esquecer”
Basta tentar... (risos)

“Oi do mal irremediável”, fala da morte, e termina com um tema fúnebre.
Assim é a 12ª faixa desse disco.
Não sei como conseguiram fazer isso de maneira tão divertida e alegre.
Mas pensando bem, talvez não seja apenas sobre a morte, né?!
E se for também, sobre as péssimas oportunidades que caem de pára-quedas em nossas vidas
e/ou respeito pela vida?
“A Morte veio dar a boa nova / Eu já abri sua cova / Vem, vem se deitar // Eu disse/ ‘Agora não
dá / Não é nada contra você / Pra mim seria um prazer / Mas hoje tem / Novela nova na TV’”.
Será que não devemos tratar todas as más oportunidades e dificuldades, assim: com toda essa
irreverência?
“Não chora”(baixe aqui), além de intitular a 13ª faixa do 3º disco da MCA, também homenageia o
queridíssimo Oscar Niemeyer.
Talvez ela emocione um pouco mais, quem vive/viveu em Brasília.

E pra fechar o disco, “Campo de batalha” (sim! ela que dá nome ao meu blog).
Canta o amor pela força de continuar, pela força de vontade de acreditar em um mundo onde
as coisas (e pessoas) podem ser diferentes do politicamente correto, que podemos ser quem podemos ser
quem podemos ser, sem sermos desprovidos de amor.
“Você deve ser / Sempre forte / Você deve ser só coragem // Se todo mundo diz que é assim /
Será que então posso chorar só um pouquinho? // Eu, o campo de batalha sou eu / A culpa que
me espera morreu / Meu corpo é onde a luta viveu / Meu campo de batalha sou eu //
Bondade é combater ilusão / Beleza é abraçar contradição / Verdade, não te encontro tão
só”.

Começar e terminar um disco com músicas sensacionais, é difícil.
Fazer com que essas músicas levem emoção ao público, e façam com que ele aperte o repeat ou
coloque os CDs anteriores pra tocar, é ainda mais difícil.
Com o seu 3º disco, MCA prova que é possível fazer música de qualidade, cantando o amor, a
dor, a sensualidade, a força, enfim, todas essas coisas (coisas?) que são banalizadas e/ou
supervalorizadas pelo mundo afora.
Um disco muito bem produzido pela banda e por Carlos Eduardo Miranda, com fotografia maravilhosa, e que faz com que quem ouve, sinta todo amor que foi por ele absorvido.
E pra quem acha que estou exagerando, basta dar uma lida no “texto introdutório” do disco:

“De lá até aqui. Para além da trajetória. É resgate. De querer amar como na primeira vez que
se ama. É caminho. De acreditar na dádiva como sentido. É eixo. De ser responsável pelo que
somos. É conquista. De transformar a si mesmo para transformar o todo. É vontade. De
redescobrir a verdade constantemente. É atitude. De ser fiel à vida. É diálogo. De escutar para
ser ouvido. É esperança. De viver o sonho concreto. É gratidão de ter você ao nosso lado.”


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